128. Os adjetivos podem exprimir a qualidade, a propriedade, o estado etc., seja naturalmente, sob a forma em que se apresentam, seja de maneira mais ou menos intensa: estes aspectos dos adjetivos chamam-se graus. Assim, p. ex.: “rico”, tão rico, mais rico, menos rico, muito rico, pouco rico, o mais rico, o menos rico”.
129. Em sua forma natural, o adjetivo está no grau normal ou positivo. Se a qualidade ultrapassa a noção comum que dela se tem, diz-se que o adjetivo está no grau superlativo absoluto, ou melhor, intensivo; p. ex. “bom” faz “muito bom” ou “ótimo”. A intensidade se indica em geral com o advérbio “muito“; mas outros ainda se prestam, como “extremamente, extraordinariamente” etc., além de locuções: “em extremo, em grande maneira” etc., e das formas sintéticas: “ótimo, péssimo, fidelíssimo, celebérrimo” etc. Para este efeito, “muito, em Esperanto, é TRE, p. ex.: Ele é muito rico (ou “riquíssimo”) — Li estas TRE riĉa. Outras formas: Ela foi extremamente dedicada à rainha — Ŝi estis ekstreme aldonita al la reĝino. Deus é infinitamente bom — Dio estas senfine bona.
130. Estabelecendo cotejo entre duas qualidades ou entre dois indivíduos, o grau é comparativo, podendo ser:
a) de igualdade, p. ex.: O Esperanto é tão belo quanto útil — Esperanto estas TIEL bela, KIEL utila. Nada é tão preciosos como a saúde — Nenio estas TIEL valora, KIEL la sano.
NOTA — Há em Esperanto outros modos de exprimir comparações de igualdade; sobre esses falaremos na 13ª Lição.
b) de superioridade, p. ex.: Essa viagem foi mais aborrecida que instrutiva — Tiu vojaĝo estis PLI enuiga, OL instrua. O leite é mais nutritivo do que o vinho — Lakto estas PLI nutra, OL vino.
c) de inferioridade, p. ex.: Ele é menos inteligente do que esperto — Li estas MALPLI inteligenta, OL ruza. Meu irmão é menos idoso do que eu — Mia frato estas MALPLI aĝa, OL mi.
NOTA — Pronunciar “málpli”!
131. Se, nesse cotejo de indivíduos, se exprime que um deles apresenta a qualidade focalizada em ponto mais ou menos alto do que todos os demais, o graus é superlativo relativo. Ex: De todos os meus filhos o Ernesto é o mais moço — El ĉiuj miaj infanoj Ernesto estas LA PLEJ juna. De todos os seus irmãos Antônio é o menos sensato — El ĉiuj siaj fratoj Antonio estas la MALPLEJ saĝa. A mais bela e (mais) virtuosa menina eles elegeram como rainha — La PLEJ belan kaj la PLEJ virtan knabinon ili elektis kiel reĝinon.
NOTA — Pronunciar “málplei”!
132. No caso de somente dois indivíduos (pessoas, coisas, etc), não se tem propriamente um superlativo, mas, na verdade, um comparativo; assim sendo, o Esperanto emprega o advérbio PLI, e não plej. P. ex.: La PLI forta el la manoj — A mais forte das mãos (isto é, das duas mãos duma pessoa; note-se que neste caso não se põe claro o numeral du). El inter Maria kaj Katarina, ĉi tiu estas la PLI diligenta — Dentre Maria e Catarina esta é a mais aplicada. Com efeito, podemos substituir esta frase pela seguinte: Katarina estas PLI diligenta, ol Maria — Catarina é mais aplicada do que Maria —, com o que se torna evidente que se trata do grau comparativo: portanto, PLI, não plej. O mesmo ocorre quando sejam dois grupos; p. ex.: Os alunos mais velhos ensinavam os menos idosos — La lernantoj PLI aĝaj instruadis tiujn MALPLI aĝajn.
133. Os advérbios também admitem os mesmos graus que os adjetivos. Assim, p. ex.: Ele mora muito perto de mim — Li loĝas TRE proksime de mi. Nunca choveu tão fortemente quanto hoje — Neniam pluvegis TIEL forte, kiel hodiaŭ. O francês falo melhor do que o inglês, mas o Esperanto é o que falo melhor — La francan lingvon mi parolas PLI bone, ol la anglan, sed LA PLEJ bone mi parolas Esperanton.
134. À semelhança do Português, podem reduzir-se estas expressões em Esperanto; p. ex.: Ele era pobre como um rato de igreja — Li estis malriĉa, kiel muso preĝeja. A criança dormia como um anjo — La infano dormadis, kiel anĝelo. Nunca me senti tão mal! — Neniam mi sentis min tiel malbone! Melhor não pode ser — Pli bone ne povas esti. Ele debatia-se como um peixe fora d’água — Li baraktadis kiel fiŝo ekster la akvo. O menino treme como uma folha — La knabo tremas, kiel folio. O mais simples e o mais fácil é o que se acha (o) mais dificilmente — La plej simplan kaj plej facilan oni la plej malfacile trovas (= a gente acha o mais dificilmente).
135. No § 59 vimos o emprego do nominativo ou do acusativo quando ocorra a conjunção kiel; fato semelhante se dá com o advérbio pli. As orações deste tipo, nas quais falta um ou mais de um termo que normalmente deveria estar expresso, chamam-se “orações elípticas”. Vejamos agora exemplos com pli, comparando: Li konvinkis min pli, ol vI com Li konvinkis min pli, ol vIN. Na primeira frase faltam o verbo e seu complemento à oração iniciada por ol; isto é, a oração completa seria: “... ol vi konvinkis min”, sendo a tradução:” Ele me convenceu mais do que tu (me convenceste). Na segunda vemos o acusativo em vin, o que dá a entender que seja complemento de verbo oculto; isto é, seria: “Ele convenceu-me mais do que (convenceu) a ti”.
NOTA — Recordem-se os exemplos § 59.
136. Se o substantivo na oração elíptica iniciada por kiel é tomado como termo de comparação, fica no nominativo. Por exemplo: “Ela tinha olhos negros como carvão”: “carvão” é o termo que serve para se comparar a sua cor (negra) com a dos olhos. Em Esperanto: Ŝi havis okulojn nigraj, kiel karbo. “Karbo” deve estar mesmo no nominativo por ser o sujeito da oração completa: “kiel karbo estas nigra”. O mesmo artifício, isto é, o procurar completar a oração elíptica, se utilizará em qualquer outro caso de comparação (vejam-se os § § 59 e 135), Assim: As sereias tinham vozes mais belas do que a voz humana — La sirenoj havis voĉojn pli belajn, ol la voĉo de homo. Isto é: “..., ol la voĉo de homo estas bela”.
137. O mesmo advérbio plej, que, precedido do artigo la, forma o superlativo relativo, se usa para exprimir o mais alto grau, o máximo a que pode atingir a qualidade ou estado do indivíduo. Nesta hipótese, é de regra não vir precedido do artigo la e constitui outra forma do superlativo intensivo, que vimos construído com o advérbio tre. P. ex.: Lia nepino estas PLEJ ĉarma infano traduz-se, à letra: “A neta dele é uma criança encantadora ao máximo”. Isto é, não poderia ser mais encantadora; o encanto, nessa criança, como que chegou ao máximo, ao último extremo. Não se pretende afirmar que ela seja a mais encantadora de todas do mundo ou de certa roda; não estabelece relação com outros indivíduos, tanto que outras crianças também poderiam ser “plej ĉarmaj”. Essa frase, traduzimo-la, à falta de melhor, por: “A neta dele é uma criança extremamente encantadora”. Vejamos outros exemplos, onde a tradução em Português pode variar, ajustando-se à índole da nossa língua:
La banejo estis aranĝita kun plej belaj tapiŝoj — O banheiro estava arranjado (ou “fora arranjado”) com os tapetes extremamente belos. Ŝiaj okuloj brilis kiel plej klaraj diamantoj — Seus (= dela) olhos brilhavam como diamantes sumamente límpidos. Ili estis vestitaj simple, per plej maldelikata ŝtofo — Eles (ou elas) estavam vestidos simplesmente, com uma fazenda grosseiríssima (isto é, “da mais grosseira qualidade”). Plej amata patrino! — Minha mãe muito amada! (isto é, que amo ao extremo). Tre bone, mia knabo, plej bonan dankon! — Muito bem, meu rapaz, os meus melhores agradecimentos! Plej plezure! — Com o maior prazer! Revenu plej baldaŭ! — Volte o mais breve possível! Mi venĝos plej terure — Vingar-me-ei do modo mais terrível. Tie estis tiel mallume, kiel en plej densa arbaro — Ali estava tão escuro como num bosque, o mais espesso que possa haver.
138. Comparemos: Vin mi amas PLEJ multe com: Vin mi amas LA PLEJ multe. A primeira quer dizer: “Amo-te ao máximo”; a segunda: “É a ti que eu mais amo” (isto é, dentre todos). Igualmente estudemos esta: Tiu nacio havas PLEJ altan kulturon, sed ne LA PLEJ altan kulturon — Essa nação tem uma cultura levada ao máximo (= a mais apurada possível), mas não a mais alta cultura (comparada com a cultura das demais). Em outros termos: “é cultíssima, quanto se pode ser culto”, mas não “a mais culta de todas”. Será tão culta quanto as que mais o forem; seja, em Esperanto: ĝi estas tiel kulturita, kiel tiuj PLEJ alte kulturitaj.
139. Não confundir “muito” com “demais, demasiado”: “muito” é tre; “demais, demasiado” é tro. Este indica sempre excesso, além da medida, da conveniência etc., sendo sempre relativo, Ex.: Meu pai era severo, mesmo severíssimo, não, porém demasiado severo — Mia patro estis severa, eĉ tre severa, sed ne TRO severa. Ele é muito orgulhoso, e demasiado orgulhoso para ceder — Li estas tre fiera, kaj ja TRO fiera por cedi. (Ja — leia-se iá! — quer dizer ”com efeito, de fato, na verdade”, e serve para reforçar o que se diz). Nunca é tarde (= demasiado tarde) para se aprender Esperanto — Neniam estas TRO malfrue por lerni Esperanton. Conte bem, para que eles não recebam muito demais, mas também não pouco demais — Bone kalkulu, ke ili ne ricevu TRO multe, sed ankaŭ ne TRO malmulte. O cargo é muito honroso, mas demasiado pesado para mim — La ofico estas tre honoriga, sed TRO ŝarĝa por mi. Deus está assentado demasiadamente alto para O podermos atingir — Dio sidas TRO alte, ke ni povu atingi ĝis Li.
140. O sufixo ebl junta-se a raízes de verbos transitivos para indicar a possibilidade de se realizar a ação expressa pelo verbo respectivo. Ex.: kredi crer, kredebla crível (que pode ser acreditado); vidi ver, videbla visível; manĝi comer, manĝebla comestível; solvi solver, resolver, solvebla solúvel.
OBSERVAÇÃO — O complemento das palavras derivadas com o sufixo ebl pede normalmente a preposição por; ex.: POR neniu prudenta homo tio estus kredebla — A nenhuma pessoa de juízo isso seria crível. Tiu situacio fariĝis netolerebla POR la geedzoj — Essa situação tornou-se intolerável aos (dois) cônjuges. Li klarigis la demandon en maniero plej komprenebla POR ni — Ele explicou a questão do modo mais compreensível a nós. Tiu diferenco estas apenaŭ rimarkebla POR malpli sagacaj spiritoj — Essa diferença é mal perceptível a espíritos menos sagazes. Tio ne estas farebla POR mi: por ĝi mi estas tro malforta — Isso não me é possível fazer: para isso eu sou demasiado fraco.
141. O sufixo em mostra hábito, inclinação, tendência para...; p. ex.: kredi crer, kredema crédulo; babili tagarelar, babilema tagarela; studi estudar, studema estudioso; timi temer, timema tímido.
142. O sufixo est indica chefe, diretor de...; p. ex.: urbo cidade, urbestro prefeito; ŝipo navio, ŝipestro comandante (de navio); lernejo escola, colégio, lernejestro diretor de colégio; imperio império, imperiestro imperador.
143. O sufixo il denota instrumento, em geral, nesta ideia incluindo-se também o meio, o recurso, o implemento, o utensílio, etc., próprio à consecução dum objetivo. Ex.: tranĉi cortar, tranĉilo faca; kombi pentear, kombilo pente; segi serrar segilo serra; kudri costurar, kudrilo agulha; ŝlosi fechar à chave, ŝlosilo chave; veturi andar em veículo, veturilo veículo; naĝi nadar, naĝilo nadadeira, barbatana; kolori colorir, kolorilo corante; fajro fogo, fajrilo isqueiro; luli embalar, acalentar, lulilo berço; sanigi curar, sanigilo remédio; aliĝi aderir, alistar-se aliĝilo folha (ou boletim) de adesão.
144. O sufixo id indica descendente (ou filho); p. ex.: koko galo, kokido frango; porko porco, porkido leitão, porkidino leitoa; Izraelo Israel, Izraelidoj Israelitas; planto planta, plantidoj plantinha, nova planta, caulículo; branĉo ramo, branĉido ramúsculo, renovo; latina lingvo língua latina, latinida lingvo língua neolatina.
a) objeto que contém totalmente em si uma quantidade, maior ou menor, de objetos de definida espécie, indicados pela raiz da palavra; p. ex.: sukero açúcar, sukerujo açucareiro; cigaro charuto. cigarujo charuteira; salo sal, salujo saleiro; supo sopa, superujo sopeira.
b) País em relação aos habitantes; p. ex.: franco (um) francês, Francujo França; germano (um) alemão, Germanujo Alemanha; turko (um) turco, Turkujo Turquia.
NOTA — Alguns esperantistas preferem, para indicar país a terminação io, dizendo: Francio, Germanio, Turkio; contudo, este hábito ainda não tem sansão da “Akademio de Esperanto”, instituição que oficializa neologismos. Em vez da terminação ujo, neste caso, pode acrescentar-se à raiz a palavra lando; assim: Franclando, Germanlando, Turklando. Há países de cujos nomes lando faz parte integrante, não se tratando, portanto, de acréscimo a raiz primitiva; p. ex.: Irlando Irlanda, Holando Holanda (que também se diz Nederlando), Finnlando Finlândia, Islando Islândia. Nestes, evidentemente, a parte lando, por sua vez, não pode ser substituída. Além de outros, terminam em io os seguintes nomes: Alĝerio, Andaluzio, Arkadio, Asturio, Aŭstralazio, Aŭstralio, Azio, Beotio, Besarabio, Bizantio, Bolivio, Bosnio, Cilicio, Ĉilio, Damlacio, Haitio, Indonezio, Istrio, Jugoslavio, Kaledonio, Livio, Meksikio, Moravio, Nigerio, Nubio, Oceanio, Polinezio, Samario, Siberio, Silezio, Sirio, Somalio, Sovetio, Stirio, Tesalio, Transilvanio, Tunizio, Valencio, respectivamente: Argélia, Andaluzia, Arcádia, Astúrias, Australásia, Austrália, Ásia, Beócia, Bessarábia, Bizâncio, Bolívia, Bósnia, Cilícia, Chile, Dalmácia, Haiti, Indonésia, Ístria, Iugoslávia, Caledônia, Líbia, México, Morávia, Nigéria, Núbia, Oceania, Polinésia, Samaria, Sibéria, Silésia, Síria, Somália, União Soviética, Estíria, Tessália, Transilvânia, Tunísia, Valença. Há, por outro lado, nomes de países sem nenhum sufixo; p. ex.: Brazilo Brasil, Argentino Argentina, Usono Estados Unidos da América do Norte.
c) árvore em relação ao fruto ou à flor; p. ex.: piro pera, pirujo pereira; rozo rosa, rosujo roseira.
NOTA — Também se diz: pirarbo, rozarbeto, etc., ligando-se a palavra arbo (árvore), arbeto (arbusto), etc à raiz, no lugar de ujo.
146. O sufixo um não tem sentido definido; emprega-se para derivar palavras cuja relação com a raiz é imprecisa e não se pode expressar por outros sufixos; p. ex.: kolo pescoço, kolumo colarinho; mano mão, manumo punho (peça de vestuário); brako braço, brakumo abraço; butono botão, butonumi abotoar; sapo sabão, sapumi ensaboar; folio folha, foliumi folhear. plena cheio, plenumi cumprir, executar; malvarma frio, malvarmumi resfriar-se, apanhar um resfriado.
Aglo — águia.
Akra — agudo, afiado.
Arĝento — prata.
Erari — errar, estar enganado.
Fleksi — dobrar, curvar.
Forko — garfo.
Grava — grave, importante.
Kapti — captar, apanhar.
Kulero — colher.
Kurba — curvo.
Metalo — metal.
Nu! — eia!, então!
Pano — pão.
Pantalono — calça.
Papero — papel.
Pasero — pardal.
Patrioto — patriota.
Patrujo — pátria.
Poŝo — bolso.
Progreso — progresso.
Promeso — promessa.
Rekta — reto, direito.
Renversiĝi — Virar, tombar.
Senmove — sem movimento.
Sub — debaixo de.
Surtuto — sobretuto.
Ŝpari — poupar.
Ŝtato — aço.
Tablo — mesa.
Telero — prato.
Travidebla — transparente (tra através de; vidi ver).
Vetero — Tempo (meteorológico).
Vitro — vidro.
Volonte — de boa vontade.
Arĝento kaj oro estas tre karaj metaloj; sed fero estas pli utila, ol ili. Rekta vojo estas pli mallonga, ol kurba. Via tranĉilo estas pli akra, ol la mia. Mi estas tiel forta, kiel vi. La papero estas tre blanka, sed la neĝo estas pli blanka. Mi havas pli freŝan panon, ol vi. Ne, vi eraras, sinjoro: via pano estas malpli freŝa, ol mia. Du homoj povas pli multe fari, ol unu. Fluanta akvo estas pli pura, ol akvo staranta senmove. Mono havata estas pli grava, ol havita. Pasero kaptita estas pli bona ol aglo kaptota. Nu, iru pli rapide! Li estas morte malsana, li ne vivos pli, ol unu tagon. La tablo staras malrekte kaj kredeble baldaŭ renversiĝos. Mi ne povas legi, kion vi skribis; mi petas, skribu pli legeble. Ŝtalo estas fleksebla, sed vitro estas nefleksebla. Vitro estas rompebla kaj travidebla. Per segilo ni segas, per tranĉilo ni tranĉas. Mi volis ŝlosi la pordon, sed mi ne povis, ĉar mi estis perdinta la ŝlosilon. La reĝidino kombis siajn harojn per ora kombilo. Sur la tablo jam estas la teleroj, tranĉiloj, forkoj kaj salujo; alportu (trazei) la supujon kun supo. En la poŝo de mia pantalono mi portas monujon, kaj en la poŝo de mia surtuto mi portas paperujon; pli grandan paperujojn mi portas sub la brako. Nia urbestro estas bona kaj saĝa viro. La ŝipanoj (marinheiros) devas obei ŝipestron. La edzino de mia amiko Roberto estas tre laborema kaj ŝparema, sed ŝi estas ankaŭ tre babilema kaj tre kredema; eĉ la plej nekredeblaj historiojn ŝi tuj kredas. Knabo, vi ne legas la libron; ĝin vi nur foliumas. Mi volonte plenumis lian deziron. En malbona vetero oni povas facile malvarmumi. Ĉevalido estas juna ĉevalo; bovido estas juna bovo; birdido estas juna birdo.
La nobla homo ĉiam
estu bona, helpema!
Li estu pardonema,
sen deziro venĝema!
De l’ patrujo bona filo
faras al ĝi la promeson;
labori por ĝia brilo,
kaj helpadi la progreson.
Kio estas pli utila: ĉu arĝento aŭ fero? Kio estas pli kara: ĉu fero aŭ oro? Per kio ni kombas la harojn? Per kio oni kudras? Kio estas en la salujo? Kiun devas obei la ŝipanoj? Kiel oni nomas junajn ĉevalojn? Ĉu bona patrioto amas sian patrujon? Kiu lando estas la plej vasta en Suda Ameriko? Ĉu Francujo estas pli granda ol Rusujo? Kiu estas la plej granda el la brazilaj urboj?
Adubar — Sterki.
Afável — Afabla.
Alexandre — Aleksandro.
Algum — Iu.
Capricho — Kaprico.
Charrua — Plugilo.
Cocho — Trogo.
Coisa — Afero.
Consertar — Rebonigi.
Cuidar-se — Prizorgi.
Dedicação — Sindonemo.
Deitar (galinha) — Sidigi, kovi.
Escavar — Disfosi.
Exigir — Postuli.
Experiência — Sperto.
Fiscalizar — Kontroli.
Gênio — Naturo.
Guiar — Gvidi.
Habitualmente — Ordinare.
Honrado — Honesta.
Irritar-se — Ekkoleri.
Justificar-se — Sin pravigi.
Justo — Justa.
Ofender — Ofendi.
Principalmente — Precipe.
Próprio — Taŭga.
Regar — Akvumi.
Servir — Servi.
Surpreender-se — Miregi.
Temperamento — Temperamento.
O capataz (= chefe de trabalho) da nossa fazenda, chamado Ernesto, era homem muito trabalhador e habitualmente da maior afabilidade (= o mais afável), mais irritadiço, principalmente com (kontraŭ) seus auxiliares. Ele mesmo cuidava das coisas mais delicadas, que exigissem (particípio presente!) maior experiência: deitava as galinhas nos lugares mais próprios e quase nunca perdia nem um (eĉ unu) pinto; os bezerros e os potros eram-lhe como filhos (= eram para ele como que filhos); consertava a charrua e todos os instrumentos de trabalho: fiscalizava os cochos e os depósitos d’água; tudo executava com a maior perfeição e com a maior boa vontade. Nós lhe lamentávamos o gênio (= lamentávamos o seu gênio), que o fazia mais odiado que estimado pelos trabalhadores, e por isto (tial) meu pai um dia o chamou, dizendo:
— Ernesto, você trabalha nesta fazenda já (há) dez anos; fizemo-lo chefe com a maior justiça (= o mais justamente); maior dedicação do que a sua não seria possível achar (= não seria achável); contudo seu temperamento poderia ser melhor.
— Alguma vez (iam) o ofendi, Sr. Alexandre? — perguntou surpreso (= gerúndio!) o honrado servidor.
— A mim pessoalmente, não, mas aos seus auxiliares... Se a sua faca está cega, você a afia; se algum boi foge, você o faz voltar; quando a terra está demasiado seca, você a escava, aduba e rega. Acaso a faca, o boi, a terra merecem mais do que os homens? — Os homens são caprichosos — retrucou Ernesto, procurando justificar-se. — A vontade dos homens também se embota (= torna-se sem corte), foge ou seca. Devemo-la compreender e guiar, começando pela (per la) nossa. Retifiquemo-nos a nós mesmos (mem), e tudo irá direito aos (ĝis la) pés de Deus.